Há momentos críticos em que temos de tomar decisões difíceis, num mundo muito imperfeito. Nem todas as decisões que tomamos na vida quotidiana nos alegram ou aliviam. Mas não há outra ou as outras são todas piores.
Se há campo onde o relativismo se estende com mais facilidade é na política; daí dizer-se, como sabe melhor do que eu, que é “a arte do possível”.
No dia 27/9 não podemos, à luz dessa infeliz, mas inevitável relatividade, sopesar os pretos, as malas, os faxes ou os mamarrachos: basta (e não é pouco) que decidamos, no silêncio e na intimidade de um cubículo, se é hora de continuar o caminho ou de mudar de rumo.
Tão só.
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Talvez esteja decepcionado, amargurado até, com um ou outro episódio, mas - embora não nos conheçamos fisicamente - tenho-o por inteligente, preparado, atento. Não se perca em detalhes (embora relevantes de certo ponto de vista e até, de outro, censuráveis) e, se me permite a nota “pessoal”, ilumine toda a pré- e campanha eleitoral, retirada a espuma mediática, na questão-chave: estamos, não sou eu que o digo, numa encruzilhada. Quem deve apontar o caminho e para onde devemos caminhar?
Em momentos de decisões difíceis, benfiquista que sou, lembro-me amiúde do ano 2000. O Glorioso também estava numa encruzilhada, para não dizer num beco. O “Incumbent”, populista e charmant, ameaçava continuar, por falta de adversário (aparentemente) credível.
De facto, Vilarinho não entusiasmava, parecia uma solução de recurso, apenas para garantir uma transição não-revolucionária. Tinha, ademais, problemas pessoais que são do domínio público e que não o favoreciam nada.
Mas, do alto da habitual sabedoria popular, os sócios votantes decidiram mudar de rumo. E como só havia aqueloutro, foi por ele que começaram a caminhar, voltando costas ao passado. Apreensivos, conscientes dos empecilhos, mas queriam mudar.
E mudaram. A transição foi suave, mas firme, o senhor fez o seu papel, passou a pasta e hoje é o seu “delfim” o homem do leme.