Terapia política. Introspecção psicossocial. Análise simbólica.

16 outubro 2005

[52] Para a próxima, há mais...

Ao contrário do que já li e ouvi, não acho que o PS tenha sido penalizado (e possivelmente volte a ser em breve[1]) por causa das medidas que o Governo tomou nestes 7 meses.
Em primeiro lugar, porque não há aqui ímpeto reformista de relevo, mas apenas medidas avulsas de cariz marcadamente financeiro (ou seja, cortes nas despesas: subsistemas públicos de saúde, sistema retributivo da FP, regime da aposentação, etc.).
Em segundo lugar, porque há um apoio maioritário, entre as elites e os eleitores, a essas medidas (não são, por isso, nada impopulares, a não ser entre os visados, naturalmente).
Em terceiro lugar, porque tais medidas são o aprofundamento de outras tomadas pelo XV Governo Constitucional (apenas momentaneamente "congeladas" pelo XVI Governo Constitucional) e, daí, não serem propriamente surpreendentes ou inovadoras.
Ao contrário, acho que uma boa actuação ético-política do XVII Governo Constitucional teria dado ao PS um resultado eleitoral muito razoável.
Tenho a forte convicção que a derrota estrondosa (lembro que, em 18 capitais de distrito, o PS só preside a 6, das quais apenas Braga e Faro têm relevância nacional e que, dos 10 principais concelhos do país[2], o PS só preside a 3) se deve a 3 causas da maior importância:
1. O modelo de exercício do poder, arrogante, acintoso e tenso (bem diferente do modelo de pares como o espanhol e o sempre invocado sueco).
2. As escolhas dos candidatos autárquicos, nalguns casos (Lisboa, Sintra, Felgueiras, Gondomar, Setúbal, Oeiras, Cascais) risíveis e indizíveis.
3. As escolhas de titulares de cargos públicos e de administradores de interesses públicos, quase obscenas (CGD, TC, GALP, AR, etc.).
Em suma, depois de ter aprendido da cartilha de Tony Blair ("Manual de Campanha"), Sócrates está pronto a lançar o seu próprio manual: "Como desbaratar um capital de confiança ímpar em sete meses, apenas pela avidez do poder absoluto"...
[1] não o partido, mas o candidato oficial do partido.
[2] Lisboa, Sintra, Gaia, Porto, Loures, Cascais, Amadora, Braga, Almada e Coimbra.

[51] O verdadeiro Estadista

A maior parte de analistas e até eleitores comete o mesmo erro.
A eleição presidencial não é uma eleição de cariz partidário (aliás, já nem as autáquicas o são, como se vê pelo forte aumento dos candidatos independentes). Qualquer cidadão idóneo, maior de 35 anos, com apoios partidários ou sem eles, pode (e no actual contexto histórico-político) deve candidatar-se.
Temos que analisar todas e quaisquer candidatos presidenciais pelo seu valor pessoal, cívico, ético e moral. Aqui não relevam (ou não deveriam relevar) aspectos político-partidários. Trata-se do "mais alto magistrado da Nação" (desculpem o chavão), aquele que nos representa a todos, marxistas, neoliberais, democratas-cristãos, socialistas. À representação do Estado, por isso, não deve importar aspectos ideológicos puros, mas critérios de ética e civilidade.
Dito isto, só quem estiver de má-fé ou for diminuído não reconhece que, nesta eleição, e à luz do que defendi, só há um candidato credível e um verdadeiro Estadista.Cabe a cada um perceber qual é...
(Portugal Real/Núncio)

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