Terapia política. Introspecção psicossocial. Análise simbólica.

15 agosto 2009

[945] Trio de Outono

Acho insensato, do ponto de vista deste partido, que o PS aproveite a sua Convenção Nacional, ou qualquer momento de pré- e campanha eleitoral, para anunciar a disponibilidade de uma grande coligação PS/BE/CDU (que, aliás, me parece mais improvável e inconciliável do que localmente). Fazê-lo iria afugentar os indecisos de centro-esquerda e de centro-direita que, não estando nada satisfeitos com JS, ainda não foram cativados por MFL.
Por outro lado, acho que está a escapar-me qualquer coisa: Louçã e Jerónimo coligados um com o outro e, mais incrível (segundo todas as declarações dos mesmos), com Sócrates? Creio que uma coligação desse tipo só será viável sem Sócrates. E acredito que se possa estabelecer entre o PS e o BE, sem a CDU. Não que esteja inibida de fazer parte de um Executivo, mas porque seria um governo totalmente instável (em Portugal, nunca houve nenhum com três partidos [a AD era composta, sim, por três partidos, mas o PPM não tinha o peso nem a carga ideológica de um BE ou de uma CDU. Basta lembrar que há monárquicos no CDS ao PS] e, nos Estados onde as coligações são comuns, normalmente são feitas de forma menos sectária ou ideológica, se preferirem, mais abrangentes).
*
(...) sejamos frontais e terra-a-terra e não utópicos:
- com os programas eleitorais já definidos e tão pouco conciliáveis,
- com um líder socialista tão irascível e inflexível,
- com relações pessoais (aparentemente) difíceis entre Sócrates e Louçã e Louçã e Jerónimo,
- com uma agenda bloquista e comunista tão pouco europeia,
- com uma tradição governativa do PS sempre ao centro-direita (em coligação),
- sem experiências anteriores de coligações tripartidas,
- sem consenso nenhum em áreas-chave como a Educação (estatuto e avaliação), os Negócios Estrangeiros (Afeganistão, Iraque, EUA, UE), a Saúde (hospitais-empresas) e o Trabalho (Código do Trabalho),
- enfim, com afinidades apenas nas Obras Públicas (investimento público) e nas “questões fracturantes”,
como é possível pedir a estes três líderes (ou mesmo a dois deles) que se coliguem? Só se algum(ns) renegar(em) tudo o que tem/têm dito nos últimos cinco anos!
(Núncio, comentário a "O gato da vizinha de Ferro Rodrigues", Eleições 2009, 15-8-2009)

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