Terapia política. Introspecção psicossocial. Análise simbólica.

29 março 2009

[831] Portugal é mais do que futebol (34): bola pequena, ambição grande

[830] Late Sunday afternoon: o sol brilha, mas porque é que sinto frio?

Quer ter relações sexuais? O Governo fornece os preservativos.
Fez sexo sem preservativo? O Governo subsidia a pílula do dia seguinte.
Engravidou? O Governo permite o aborto.
Teve um filho? O Governo coloca na escola a tempo inteiro.
Não consegue educar o seu filho? O Governo entrega-lhe um computador a preços baixos.
O seu filho não quer trabalhar? O Governo concede o rendimento social de inserção.
É agredido pelo seu filho? O Governo protege-o em casas de apoio à vítima.
O agressor foi accionado judicialmente? O Governo facilita-lhe a reinserção social.
O recluso sente-se só? O Governo incentiva os encontros sexuais com o parceiro.
A companheira do recluso engravidou? O Governo apoia as mães solteiras.
O recluso, a mãe solteira, a vítima de violência doméstica sentem-se perdidos? O Governo desculpa o consumo de drogas.
O consumidor tornou-se toxicodependente? O Governo financia a desintoxicação.
O Governo não tem apoio popular? Malha-se na oposição.

[829] Citações do mundo: o barulho das luzes

"Sendo a velocidade da luz superior à velocidade do som, é perfeitamente normal que algumas pessoas pareçam brilhantes até abrirem a boca..."
(autor desconhecido; cortesia do leitor zeca)

28 março 2009

[828] Ópera bufa

Lendo os contributos para este forum, como o desta noite erudita, os mais jovens percebem como foi possível os portugueses submeterem-se durante 48 anos ao dono do país.
O masoquismo genético deve explicar muita coisa e o respeitinho institucionalizado explica o resto: dirigentes e elites que, voluntariamente, fazem o que delas se espera, obediente e zelosamente. Políticos que nem precisam de falar para serem brilhantes. Um povo que nutre uma relação de amor-ódio com todos o que exerçam funções públicas.
(Núncio / Portugal Real, comentário a "Sócrates e Fernanda Câncio vaiados no CCB", Expresso on line, 27-3-2009)

24 março 2009

[827] Foi você que pediu uma Taça?

O erro de julgamento do árbitro (que se lamenta) não tirou o Sporting do jogo. Após a marcação do penalty, o jogo ficou empatado, jogaram-se cerca de 20 minutos mais e, depois, marcaram-se dez penalties.
Pese embora o erro, durante 20 minutos e ao longo de cinco penalties, os dois clubes (logo, também o Sporting) tiveram oportunidade de desempatar. Não é insignificante o erro de arbitragem, mas o jogo não morreu aí nem a taça foi entregue aos 74 minutos.
Eu compreenderia melhor a indignação dos adeptos se o erro tivesse determinado automaticamente a vitória do Benfica (por exemplo, se o resultado passasse a 2-1 ou se o golo tivesse sido marcado nos últimos minutos de jogo, sem hipótese de recuperação).
Por outro lado, não sendo a vitória do Benfica nada empolgante, parece-me que dramatizar a este ponto o equívoco do árbitro (quando, infelizmente, os erros, mesmo os grosseiros, ocorrem em centenas de jogos e a qualidade média das arbitragens é considerada baixa) é passar aos adeptos o desespero pela obtenção de um troféu que nem Sporting nem Benfica precisam assim tanto!

22 março 2009

[826] Tirem-me aquela mulher da frente!

Não conhecia esse episódio, mas não me surpreeende nem um pouco. Fui aluno do Prof. JM e, apesar de uma excessiva atitude paternalista para uma academia, conheço bem as suas qualidades pessoais e intelectuais. É um constitucionalista emérito, um homem isento, um humanista e de elevado sentido ético e público.
Dito isto, não creio que esteja em causa, neste desagradável episódio da escolha do Provedor de Justiça, as qualidades de JM, como certamente não estiveram as de Laborinho Lúcio ou de António Arnaut (se é que estes nomes foram apresentados na negociação).
Julgo que se trata, na esteira do que sugere Paulo Gorjão, mais de uma questão pessoal entre JS e MFL, cujas relações parece estarem a tornar-se insuportáveis. Nenhum sai bem na fotografia, sobretudo JS que, tendo aqui oportunidade de mostrar que Nascimento Rodrigues ("Eles comem tudo e não deixam nada") não foi imparcial, acaba por confirmar a imagem de obstinação e de poder absoluto que se tem construído.
(Núncio, comentário a "Outlier: Jorge Miranda", Pedro Magalhães, Margens de Erro, 22-3-2009)

[825] Ai, Quique! Não fora o Quim e o Lucílio...

Quique Flores, após conquista da Taça da Liga, no Estádio do Algarve, 21-3-2009
(crédito fotográfico www.maisfutebol.iol.pt)

21 março 2009

[824] Serviço público (21): apague a luz e brilhe!

[823] Alerta vermelho?

A partir de logo à noite, o Benfica estará em crise (ainda) latente ou (já) potente?

[822] Travesti político

Lula da Silva é digno de respeito e admiração, independentemente de subscrevermos ou não a sua orientação política.
Não se faz passar pelo que não é, assume a sua condição de operário, fez-se homem e político com as ferramentas que tinha. Apresentou-se à eleição presidencial sem "esqueletos no armário". Tudo é transparente. Quem votou sabia quem ali estava. Não há cursos tirados à pressa nem estilos de vida de luxo.
(Núncio / Portugal Real, comentário a "Tino de Rans é candidato independente em Valongo", Expresso on line, 20-3-2009)

[821] Três anos depois

1 - Prezo muito os direitos e as liberdades, sobretudo de opinião e expressão. Mas também advogo que todo o exercício das liberdades, necessariamente subjectivo, deve ser responsável e ético. O que implica seriedade intelectual.
2 - Cavaco é mais do que um homem sério, é dos poucos Estadistas que a III República gerou. Os sinais do seu Estadismo estão à vista de todos, dado que - desde 1980 - podem ser democraticamente escrutinados. Apenas deixo dois: sai sempre dos cargos da forma como entrou, livre e limpo; não se lhe conhece qualquer aproveitamento financeiro ou profissional dos seus cargos.
3 - O "sábio equilíbrio de poderes" exige que, às vezes, o PR faça de Provedor de Justiça, de Procurador-Geral da República e de Presidente do Tribunal de Contas.
4 - O veto do PR é um dos exemplos desse equilíbrio e não me impressionam nada as resoluções da AR votadas por unanimidade. O discurso do PR, deste e dos antecessores, tem de ser, muitas vezes, o do professor que ensina os discípulos a pensar. É o mais alto magistrado da Nação.
5 - Em matéria de generalidades e banalidades, convido-o a reler os discursos do PM (não só deste), dos ministros, dos reguladores. E olhe que expressar o senso comum já não é pouco, porque muitos nem sequer isso têm... Até pessoas insuspeitas como Vicente Jorge Silva e Vasco Pulido Valente já reconheceram a qualidade dos discursos do PR.
6 - A costela de executivo ainda está lá. Mas nós não temos só uma costela...
(Núncio / Portugal Real, comentário a "Na cabeça de Cavaco", Expresso on line, 21-3-2009)

[820] Serviço público (20): sono de qualidade

17 março 2009

[819] Serviço público (19): mais uma jóia em Belém

«A Travessa da Ermida – espaço cultural - na Travessa do Marta Pinto, em Belém, pretende ser um ponto de encontro entre as memórias do passado e novas vivências. Este conceito é transversal aos diferentes espaços que constituem este projecto, desde a Ermida Nossa Senhora da Conceição, à Enoteca, passando pela oficina de joalharia e acabando na rua.
A travessa começou por se chamar Travessa da Merceeira, pois funcionava como acesso às Merceeiras da Rainha D. Catarina. Na época em que a Ermida foi inaugurada, a rua era conhecida por Travessa da Horta, pois nas traseiras dos edifícios eram cultivadas couves e alfaces. A Ermida, foi inaugurada em Novembro de 1707, construída por João Matias, um homem de negócios, e tornou-se naquele tempo o espaço mais marcante daquele lugar, entre as Merceeiras de D. Catarina e os Jerónimos.
O objectivo deste espaço cultural é devolver a Belém, e a esta rua em particular, o destaque que teve outrora. A Travessa da Ermida, pretende inovar e dinamizar esta zona, contribuindo para a excelência cultural e turística de Belém, recorrendo a diferentes iniciativas, seja uma visita histórica, uma exposição, um workshop, nunca esquecendo, a sua característica íntima, assim como, o carácter emblemático e histórico do local.»

[818] O estado do Estado

"(...) o Estado tem se esforçado mais do que o sector privado em busca da eficiência e da qualidade de desempenho das organizações, isto é, na procura da excelência dos serviços.
Segundo a APQ [Associação Portuguesa para a Qualidade], Portugal tem 16 reconhecimentos de excelência atribuídos desde 2002 a organizações, na sua maioria, na Administração Pública. São exemplos um departamento do Instituto Superior de Engenharia de Lisboa (ISEL), um departamento da Câmara Municipal de Lisboa (CML), as estações dos CTT e o Instituto de Gestão Financeira de Segurança Social (IGFSS).
«Nesta altura, podemos dizer que a Administração Pública é a que tem mais reconhecimentos da EFQM - European Foundation for Quality Management», diz o presidente da APQ [José de Figueiredo Soares]."

15 março 2009

[817] Portugal real

Não advogo nenhum choque de gerações nem faço o culto da juventude.
Acho que Portugal tem vindo a empobrecer e, pior, a conformar-se com a sua irrelevância, bem patente nos discursos sobre a "Ibéria", no acordo ortográfico com o Brasil e nos protocolos e contratos com regimes unipessoais (Venezuela, Líbia, Angola).
Desde, pelo menos, 1999 que nos tornámos patéticos. Líderes que se demitem por perderem o controlo do seu partido, que interrompem a legislatura e largam as suas responsabilidades para irem assumir outro cargo, que não estavam preparados para ser primeiro-ministro e se deslumbram com o cargo e que não têm qualquer consistência política e ética para chefiar um Governo.
Valoriza-se mais a imagem e a forma do que o conteúdo. O pragmatismo expulsou o Estadismo. A seriedade e honestidade é coisa de "velhos". A tecnologia é endeusada e o ensino é confundido com animação sócio-cultural.
Mas reitero o que já disse oportunamente: não quero "evangelizar" ninguém. Deixem-me expressar as minhas ideias, enquanto há liberdade de opinião. Cada um que decida o que quer dar e exigir do país. Eu quero dar e receber mais. Muito mais. Quem se contentar com o que tem, que seja feliz.
(Núncio / Portugal Real, idem, Expresso on line, 14-3-2009)

14 março 2009

[816] It's the age, stupid!

Acho curiosa, para ser simpático, essa preocupação (para não chamar obsessão) com a idade dos candidatos.
Os últimos três primeiros-ministros, por exemplo, foram eleitos na pujança dos 40, jovens, modernos, progressistas, filhos da liberdade e do sucesso. Vinte, trinta e quarenta anos mais novos do que Manuela Ferreira Leite, Cavaco Silva, Manuel Alegre. Mas o que trouxeram Durão Barroso, Santana Lopes e José Sócrates ao país assim tão extraordinário? São mais competentes? Deixaram o país bem melhor do que o encontraram? Mostraram mais ética política e mais Estadismo?
(Núncio / Portugal Real, idem, Expresso on line, 14-3-2009)

[815] Todos pobres, mas todos diferentes

«Não, não é tudo igual [na classe política]. Isso é o que querem fazer crer aqueles que preferem que tudo fique na mesma.
E que ninguém se esqueça! Numa eleição legislativa, avalia-se a qualidade da legislatura, do Parlamento e do Executivo. O poder nunca fica vazio.
Outra falácia é que "não há alternativa". Isso é na Coreia do Norte, em Cuba, na Líbia, na Birmânia. Em Portugal, por muito deprimente que seja a classe política, há sempre alternativa e nada seria pior do que não haver alternância por causa do medo. O medo corrói a alma.»
(Núncio / Portugal Real, comentário a «Crise: Ferreira Leite fala de Governo "incompetente e desnorteado"», Expresso on line, 14-3-2009)

11 março 2009

[814] Contas e contos

Investimento público? É de facto uma das soluções [para a crise].
Mas o que é investimento público? Investir é "aplicar fundos destinados à obtenção de um determinado rendimento ou de um lucro" (http://www.priberam.pt/). Logo, tem de haver:
i) fundos disponíveis (e Portugal está seriamente endividado) e
ii) rendimento estimado.
Qual a capacidade de investimento nacional em projectos caríssimos como o TGV? E qual o rendimento que esse "investimento" dará aos cofres do Estado?
Fala-se muito de generalidades feitas pela propaganda oficial, sem qualquer fundamentação. Portugal tornou-se num esquizofrénico jogo "Benfica-Sporting", em que muitos ralham e poucos têm razão.
(Núncio / Portugal Real, comentário a "A importância da cimeira", Ponto sem Nó, Expresso on line, 10-3-2009)

09 março 2009

[813] As palavras dos outros (39): nada tens, nada vales

«Na classificação dos valores, a moral, o belo, a verdade e a dignidade não estão à cabeça.»
(António Barreto, Público on line, 8-3-2009)

08 março 2009

[812] Portugal é mais do que futebol (33): correr pela glória

[811] Perplexidades de género no Dia Internacional da Mulher

Os panegíricos e os louvores não bastam para dignificar as mulheres que estão na política. As competentes e sérias, que também as há sem o serem, precisam de mais do que palavras. Precisam de actos.
Maria de Lurdes Pintassilgo (Presidência da República), Maria José Nogueira Pinto (presidência do CDS/PP) e, agora, Manuela Ferreira Leite (chefia do Governo) são exemplos de mulheres com valor, de famílias políticas diferentes, que foram (ou irão) a votos, em tempos e circunstâncias diversas, e não obtiveram (não têm obtido) o apoio democrático necessário.
Porque será?

07 março 2009

[810] Correcção ortográfica: o sofetuere paresse que não funsiona

Não consegue alcançar que isto ["software" dos computadores "Magalhães" repletos de erros de Português] não é uma questão tecnológica? O problema é a falta de competência de uma equipa governativa que quer fazer em quatro anos o que não se fez em 30 e que desenvolveu toda uma política com um pressuposto errado e perigoso: o da escola a tempo inteiro.
Anda a Europa e o Mundo a lutar, desde a revolução industrial, para a redução dos horários de trabalho, para a compatibilização da vida profissional com a vida social e pessoal, para o aumento da qualidade de vida e bem-estar e, em 2009 d. C., vem alguém defender "a escola a tempo inteiro"?! A escola é um depósito de putos ou um centro de aprendizagem e cultura? Os professores são docentes ou animadores sócio-culturais ou, pior, damas de companhia?
Ao contrário, a política tem de criar condições para libertar o pai e/ou mãe de horários profissionais tão sobrecarregados, para levar as creches, os refeitórios e a medicina do trabalho até aos locais de trabalho. E dar tempo de convívio à família, aos amigos, às pessoas!
(Núncio / Portugal Real, comentário a "A primeira página do Expresso", Expresso on line, 7-3-2009)

01 março 2009

[806] Late evening meditation: políticos profissionais?

"Amadores construíram a Arca de Noé e profissionais construíram o Titanic."
(autor desconhecido)

[805] As palavras dos outros (36): faz o que ele diz, não faças o que ele faz

«Quero recordar-lhe, Senhor Primeiro-Ministro, que nós somos o país da União Europeia, o segundo pior país da União Europeia em termos de confiança. Esta é que é a realidade da nossa economia... que nenhuma central de comunicação poderá disfarçar ou mascarar.
«Peço-lhe, Senhor Primeiro-Ministro, que resista à tentação do controle da comunicação social. Não vá por aí porque nós cá estaremos para evitar essas tentações.»
(José Sócrates, deputado do PS, dirigindo-se a Santana Lopes, primeiro-ministro, numa sessão plenária da A.R., em Setembro de 2004)

[804] Serviço público (18): uma praça digna da Europa?

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