Terapia política. Introspecção psicossocial. Análise simbólica.

29 janeiro 2009

[770] Citações do mundo: diz-me que erros cometes, dir-te-ei quem és

«Ao examinarmos os erros de um homem, conhecemos o seu carácter.»
(Confúcio)

[769] As palavras dos outros (32): não há intimidades grátis

"Desconfiem sempre de políticos demasiado íntimos de jornalistas, de promotores imobiliários demasiado íntimos de autarcas e de outros decisores, de agentes económicos demasiado íntimos dos respectivos reguladores. Todos frequentemente escondem um intento pessoal e pouco saudável. Todos, seguindo o princípio de Madoff, vivem onde menos se vê. No meio."
(Pedro Lomba, "A arte de enganar todos", DN, 29-1-2009)

[768] Early morning thought: "Sim, sr. Ministro"

Por causa deste temor reverencial que nos caracteriza, não somos capazes de resolver nada que tenha a ver com políticos.

26 janeiro 2009

[766] Fotografia do mundo: troubled waters?


(créditos fotográficos: Ricardo Ferreira, leitor do Divã)

[765] O interesse público não é o somatório de vários interesses privados

(...) felizmente (senão seria etica e deontologicamente insuportável) as informações estão muitas vezes correctas e correspondem a factos ou documentos que foram analisados e lidos. O que acontece é que os visados conseguem (umas vezes dentro, outras fora da lei) desvalorizar esses factos e documentos ou, pelo menos, criar dúvida bastante ao seu peso processual ou material.
O exemplo que [a leitora] citou é oportuno. No processo Casa Pia (falo do que leio e ouço, não estou nem directa nem sequer indirectamente envolvido no mesmo), muitos factos poderão até ter ocorrido mesmo, mas dependerá a sua valoração das defesas dos visados que, como sabe, têm inúmeros recursos (legais, não ironizo) ao seu alcance.
*
Foram violadas normas comunitárias e nacionais para licenciar a referida obra. E em pleno governo de gestão que, diz o bom senso e o Direito, não deve tomar decisões de que decorram compromissos e responsabilidades deste calibre.
A violação, comprovada, foi depois objecto de correcção por legislação e regulamentação aprovadas pelo governo seguinte.
Ora, a defesa do interesse público, seja de natureza económica, empresarial, social, cultural ou ambiental, nunca pode ser feita na ilegalidade. O superior interesse público é que todos os órgãos do Estado actuem dentro da lei e do Direito.
(Núncio, comentário a «Freeport: Juiz suspeita de "celeridade invulgar" no processo», Expresso online, 25-1-2009)

25 janeiro 2009

[764] O ar que respiramos...

Só no ar da democracia estamos muito pior, está irrespirável!
Mas há quem goste assim... Infelizmente, o ar quando sopra é para todos, mesmo para aqueles a quem cheira mal!
(Núncio, comentário a "Surpresa! Portugal está hoje pior que em 2005!!!", Ideias e conversas, 24-1-2009)

24 janeiro 2009

[763] Portugal é mais do que futebol (26)

[762] Justiça, Ética e Política

A 2.ª [questão: "Sócrates tem outros colos, é homossexual"] é meramente do foro privado (por muito que uns tontos gritem aos quatro ventos o que fazem na cama, a sexualidade é aspecto da nossa intimidade mais reservada) e ser gay não deve tirar nem dar votos. É completamente irrelevante, do ponto de vista político, a menos que o exercício dessa sexualidade esteja ligada a comportamentos ilícitos ou censuráveis.
A 3.ª [questão: "Bacharelato – Licenciatura - Mestrado"] diz muito sobre o carácter de um político que, sendo deputado, secretário de Estado e ministro, não se importa de se formar numa Universidade de duvidosa credibilidade académica só para ter um canudo, alinhando em esquemas que, sendo da responsabilidade administrativa e pedagógica do estabelecimento de ensino, não deveriam ser aceites por um aluno médio, muito menos um aluno sob escrutínio democrático.
A 4.ª [questão: "Não é engenheiro, mas assina projectos de engenharia] é uma imposição legal e estatutária. Advogado é o licenciado em Direito que foi aceite na Ordem dos Advogados, Farmacêutico é o licenciado em Farmácia que foi aceite na Ordem dos Farmacêuticos, Engenheiro é o licenciado em Engenharia que foi aceite na Ordem dos Engenheiros.
A 1.ª e a 5.ª [questões: investidas "Freeport" (camp. eleitoral 2005 e 2009)] são do foro jurisdicional (suspeitas de corrupção) e político (independentemente do resultado do processo criminal, há uma actuação política censurável, que decorre do facto de um Conselho de Ministros ter aprovado legislação e regulamentação que viola normas comunitárias e nacionais, à pressa, no exercício de funções de mera gestão, 3 dias depois de um acto eleitoral que derrotou o partido que suportava esse governo).
(Núncio, comentário a "Sócrates garante que não conhece Charles Smith", Expresso online, 24-1-2009)

[761] Don't cry for me, Argentina!

«Nos últimos 10 anos, Portugal transformou-se num país altamente endividado ao exterior. A dívida é cerca de 90% do PIB, e todos os anos acrescentamos 8 a 9%. Se, de repente, os estrangeiros deixassem de nos emprestar este dinheiro, Portugal teria uma crise económica como nunca teve no último século.
(...) desde 1999, a diferença entre a taxa de juro que os portugueses e os alemães pagam nas suas dívidas tem sido quase zero.
Nos últimos meses, aconteceu uma coisa quase impensável: esta diferença, ou spread, trepou para os 1,1%! Este número diz que os mercados internacionais acham que é bem provável que Portugal deixe o euro ou declare falência nos próximos 10 anos. Os dois riscos não são independentes, pois se Portugal não pagar as dívidas, pode ser expulso do euro; basta lembrar que um dos maiores detentores da dívida portuguesa é o próprio BCE. Esta semana, mais uma má notícia, quando a S&P reviu para cima a sua avaliação, ou rating, do risco da dívida portuguesa.
A probabilidade desta catástrofe ainda é pequena. Mas, para quem acompanhou o que aconteceu na Argentina, só o facto de ela estar na mesa é suficiente para fazer perder o sono.»
(Ricardo Reis, "O verdadeiro pânico", Expresso online, 21-1-2009)

[760] Simplex moral

«Ser simples, acessível, seguro e legal não torna o aborto mais aceitável para as pessoas que o rejeitam. Ao contrário, torna-o ainda mais monstruoso ao juízo delas. Prova disso é o fato de que as discussões nos países onde a prática foi liberada nunca serenam - a cada dia elas são mais violentas (...)».
(Eurípedes Alcântara, Veja online, 23-1-2009)

22 janeiro 2009

[759] Tal como cá!

"Durante este período de emergência económica, as famílias estão a apertar os cintos e Washington devia fazer a mesma coisa", disse Obama ao dar as boas-vindas aos seus colaboradores da Casa Branca, um dia depois de ter tomado posse. "É por isso que vou decretar um congelamento dos salários aos meus colaboradores seniores da Casa Branca".

21 janeiro 2009

[758] Uma democracia doente

«Portugal deve ser o único país da Europa onde em vez de se avaliar constantemente o governo se avalia a oposição, incluindo o próprio governo, que passa o tempo a fazer o mesmo. Ou é tara ou é complexo.»
(Anónimo, Porto, 21.01.2009 - 14h18, em comentário a "Orçamento suplementar - Governo duvida que descida de impostos proposta pelo PSD seja reversível", Público online)
*
Não posso estar mais de acordo. É uma das maiores perversidades de uma democracia essa de escrutinar a Oposição com os critérios da Governação. Mas que ninguém se engane: a qualidade de uma democracia é dada pela qualidade dos eleitores!
(Núncio, idem)

18 janeiro 2009

[756] As palavras dos outros (30): quanto mais alto se está, maior é a responsabilidade

«Não é aceitável, por exemplo, que uma alta figura da Igreja recomende cautela aos matrimónios inter-religiosos, mas aceita-se que imãs possessos preguem diariamente a extinção dos infiéis. Não é aceitável a influência da Igreja na sociedade, mas simpatiza-se com diversos Estados estritamente submetidos ao Alcorão. Não é aceitável que a Igreja subalternize simbolicamente as mulheres e discrimine simbolicamente os homossexuais, mas ignora-se que a sharia reduza à animalidade as primeiras e execute os segundos. Não é aceitável que um responsável clerical revele eventuais indícios de xenofobia ou racismo, mas promovem-se insultos ao "estado hebraico" (sic) em manifestações e lamentos, implícitos ou explícitos, de que Hitler tivesse visto a sua obra interrompida. Não é aceitável impor limites à liberdade individual, mas impõe-se censura atenta aos críticos do "multiculturalismo", que sob o verniz ecuménico é um óbvio princípio totalitário e um monte de sarilhos que Alá sabe onde acabam.»
(Alberto Gonçalves, "Alá, o cardeal e os sarilhos", Dias Contados, DN, 18-1-2009: sublinhado nosso)

14 janeiro 2009

[755] As palavras dos outros (29): sorria, você está a ser anestesiado!

«As "Reflexões" não eliminam o sentido crucial dos problemas, mas também não indicam, ou sugerem, como seria natural, o combate ideológico contra a ideologia que intimida os governos e os intima a praticar regras unilaterais. Há, em tudo isto, uma perversão moral que condiciona o comportamento ético. O texto de Sampaio é omisso nestes aspectos, e percorre-se em generalidades. E talvez devesse ser, pelo estatuto e pelo passado do autor, nesta desordem e nesta perturbação, um aviso de que as abdicações não são o caminho para o resgate das servidões. A desmobilização cívica do País é uma das consequências da ausência da instância Estado, da falta de comparência de um ideal de libertação (sim, de libertação) que nos empolgue. E é, igualmente, a descaracterização ideológica dos partidos, essa base lógica que explica e justifica as grandes conquistas dos trabalhadores no imediato pós-guerra. Quando um estudo revela que os portugueses são o povo europeu que menos ri ou sorri, o caso pode animar solertes comentadores do óbvio - mas não deixa de ser significativamente pesaroso. Já ninguém vai "contra os canhões marchar, marchar". Estamos marcados pelo mais atroz niilismo e identificados com o mais absoluto indiferentismo.»
(Baptista Bastos, "As 'reflexões' de Sampaio", DN, 14-1-2009: sublinhado nosso)

13 janeiro 2009

[754] Por que será...

... que Eduardo Pitta (EP), que até tem um blogue relativamente interessante, mundividente e actualizado (que leio muito regularmente), quando toca em matérias mais "ideológicas" é decepcionantemente parcial e "biased"?
A ética ou a justiça têm côr?
*
Como EP bem sabe, não há tratamento de igualdade na injustiça ou na ilegalidade. Se é injusto ou ilegal, é-o e denuncia-se ou corrige-se. Seja quem for o beneficiário!

08 janeiro 2009

[753] 2009: radioso ou sombrio?


(créditos das fotografias: Ricardo Ferreira, leitor assíduo)

[752] Trocas e baldrocas

PML [Pedro Marques Lopes] pode ser de Direita ou de Esquerda, ateu ou crente, abstencionista ou militante. Mas seja!
Nunca vi (e justiça seja feita, não é o único) foi uma Direita tão empolgada com o líder de um partido de Esquerda (que, de facto, tem pouco de socialista) e a disfarçar tão mal, e até de forma desleal, o desapoio à líder do principal partido da sua área ideológica.
Por outro lado, nunca vi o PS, até recentemente, tão excitado com um PR de Direita...
(Núncio, comentário a "Será que o PM tem coragem?", 31 da Armada, 8-1-2009)

[751] Fique, por favor fique!

Um comentário pouco sério [o de Rodrigo Moita de Deus, aqui].
Cavaco Silva fartou-se tanto que ficou 10 anos (no que é, em democracia, o mandato mais longo) e agora é Presidente da República!
António Guterres, ainda assim, esteve seis anos e só saiu porque antecipou, inteligentemente, que o PS já não o queria (a começar pelo actual secretário-geral). Talvez regresse um dia e se instale em Belém... se o PS deixar!
Durão Barroso foi hipnotizado pela ambição e objecto de uma grande jogada ainda hoje pouco explicada pelos "media"... Ou acham que a coligação negativa e oportunista que não se opôs à sua nomeação se juntou por acaso?
O que o Rodrigo não disse, e deveria ter dito, é que, se fossem seguidos os mesmos critérios de Jorge Sampaio para a dissolução do Parlamento, a presente legislatura já teria terminado por idênticas ou outras "trapalhadas"...
(Núncio, comentário a "um homem feliz", 31 da Armada, 7-1-2009)

[750] Separados à nascença

05 janeiro 2009

[749] Actualização: do que se fala

O divã no twitter.

[748] As palavras dos outros (28): se aqueles têm porque é que eu não posso ter?

«Desde o plasma à Nespresso, a minha geração pouca noção tem da essencialidade dos bens e dos meios. A médio prazo isto será um problema gravíssimo, porque grave já é.»
(Jorge C., comentário a "Curto", Mar Salgado, 2-1-2009)

[747] As palavras dos outros (27): brincar com o fogo...

«O mais interessante é que Margarida Moreira, a mesma que agora vê uma brincadeira de mau gosto no que mais parece ser um delito, é a mesma que viu um delito no que mais parecia ser uma brincadeira de mau gosto. Trata-se da mesma directora que suspendeu o professor Fernando Charrua por, numa conversa privada, ele ter feito um comentário desagradável, ou até insultuoso, sobre o primeiro-ministro. Ora, eu não me dou com ninguém que tenha apontado uma arma de plástico a um professor, mas quase toda a gente que conheço já fez comentários desagradáveis, ou até insultuosos, sobre o primeiro-ministro. Se os primeiros são os brincalhões e os segundos os delinquentes, está claro que preciso de arranjar urgentemente novos amigos.»
(Ricardo Araújo Pereira, "Circunspecção de mau gosto", Boca do Inferno, Visão, 5-1-2009)
*
Uma brincadeira de mau gosto é a referida directora ainda exercer o cargo. Insultuosa é política educativa deste país.

03 janeiro 2009

[744] As palavras dos outros (26): desacordo ortugraphico

«É oficial: entrou em vigor a nova ortografia. Quer dizer: mais ou menos em vigor.
É a única do mundo legislada.
(...) conseguiu fazer com que uns bons 250 milhões de pessoas escrevam de forma idêntica.
Quer dizer: mais ou menos idêntica. Primeiro, porque dessas 250 milhões de pessoas apenas uns 15% são vagamente alfabetizadas. Desses 15%, pelo menos 10% é de nacionalidade portuguesa.
Mas que 15%! É para elas que se legislou. Quer dizer: mais ou menos se legislou. Há dúvidas e indecisões em massa. Principalmente nos meios alfabetizados, por assim dizer. (...)»

01 janeiro 2009

[743] Em tempo de pausa festiva, as pausas nas escolas e nos tribunais

Não são os professores [que chamam «pausas lectivas» às férias], homem! É a terminologia criada pela legislação e regulamentação do ME. E férias escolares não são férias para os funcionários. Se todos se fossem embora nessas pausas lectivas (dois meses de Verão, etc.), quem faria os horários, quem daria notas, quem elaboraria as novas turmas, quem organizaria os programas, quem prepararia as eleições dos vários órgãos escolares?
As escolas não fecham! Como não fecham os tribunais, embora haja "férias judiciais", que também NÃO são férias dos funcionários. Nesses períodos correm os processos urgentes, arquivam-se os processos findos no ano anterior, fazem-se as contas atrasadas, recupera-se a pendência processual, organiza-se a secção...
Porque será que toda a demagogia é comprada neste país? Menos parcialidade, mais rigor!
(Núncio, comentário a "Novilingua", O País Relativo, 22-12-2008, via "Novilingua", Homem ao Mar, 22-12-2008)

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