Terapia política. Introspecção psicossocial. Análise simbólica.

01 abril 2006

[206] Sábado à tarde: a imbecilidade [201], parte II

O dogma da igualdade está, a pouco e pouco, a (re)criar uma sociedade indiferenciada, de gente amorfa e indistinta e, no limite, totalitária (porque tal ideia de igualdade fomentada pelo discurso "politicamente correcto" induz, suave, mas determinadamente, o pensamento único, a ameaça única, o objectivo único, destruindo a pluralidade e a multiplicidade).
Todos somos iguais e as políticas públicas fazem questão de assentar neste (falso e injusto) pressuposto. As carreiras públicas são todas iguais e, por isso, eliminam-se os regimes especiais (excepto, naturalmente, para os titulares de cargos políticos, porque esses são "mais iguais do que os outros"). Os cidadãos são todos iguais (a não ser que tenham fortuna pessoal ou filiação partidária, esse resquício tão "soviético"), as escolas são todas iguais (a menos que pertençam à Opus Dei ou afins), as profissões são todas iguais (mesmo as praticadas "na rua"), as doenças e os pacientes são todos iguais (e, por isso, cura-se quem for rico), os transportes são todos iguais (daí que não haja vantagem em andar de transporte público), etc., etc., etc.
Até os governos parece que são todos iguais! Afinal, a "Terceira Via" de Blair, Clinton, Guterres, Fernando Henrique, Lula, Zapatero e, agora, Sócrates parece que vingou...

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