Terapia política. Introspecção psicossocial. Análise simbólica.

10 dezembro 2005

[81] Balanço pessoal, mas transmissível.

«Sempre considerei que os 3 principais debates seriam:
1) Cavaco-Soares, por ser o último dos debates, por serem duas personalidades marcantes da III República e por se tratar de duas figuras que se conhecem profundamente dos tempos da coabitação política (e, talvez por isso, se detestem);
2) Soares-Alegre, por razões óbvias;
3) e, justamente, Cavaco-Louçã.
Ontem, confirmou-se o interesse. Foi o mais animado dos três já disputados, em parte pela atitude afrontosa e sarcástica de Louçã e, por outro lado, pela dinâmica e assertividade dos entrevistadores, embora Constança se tenha excedido, a ponto de ser tendeciosa (ao impedir Cavaco, várias vezes, de concluir ou mesmo de começar). No final, acho que Cavaco (que admitia que se saísse menos bem) se aguentou, embora um pouco tenso, passando suavemente pelas provocações do "adversário". Tanto é que, na segunda parte, Louçã foi muito mais moderado.
Os pontos menos fortes de Cavaco foram a imigração e os casamentos homossexuais, matérias em que Louçã é forte, dada a sua tendência demagógica de quem não governa.
Não me parece que o eleitorado "potencial" de Cavaco tenha ficado com menos vontade de votar nele, mas creio que Soares e Jerónimo devem preocupar-se seriamente com Louçã! A grande vantagem de Cavaco, a meu modesto ver, é que é objectivo, denso e intelectualmente sério. Louçã, que tem, de facto, um discurso fluente e atraente, utiliza - curiosamente (para quem quer ser a "Esquerda Moderna") - recursos da "Velha Política": é palavroso, irónico, demagógico.
Para o eleitorado cada vez mais esclarecido e menos sensível a "figuras de estilo", penso que a escolha não é difícil, até por uma razão suplementar que não vejo muito aduzida: ao Presidente da República não cabe ter uma "agenda executiva" de natureza ideológica. Personalidades como Louçã e Jerónimo, embora respeitáveis, não têm perfil suprapartidário e de representação nacional. É que, não esqueçamos, ser social-democrata ou reformista não impede, antes facilita, ser suprapartidário e congregador!»
(Portugal Real/Núncio)

1 comentário:

Anónimo disse...

Já são duas merecedoras de uma antologia de dislates de bravo quilate:
"É que, não esqueçamos, ser social-democrata ou reformista (...) pois bem meu caro dê música aos seus leitores ... aahahahah .
A do suprapartidário tem também muita piada .
Temos cómico para suceder aao Herman, vertente comentário político, cruzado com Prof. Rebelo de Sousa ;)

Arquivo do blogue

Seguidores