Terapia política. Introspecção psicossocial. Análise simbólica.

22 dezembro 2005

[118] Portugal desnudo

Um debate político não é um combate de boxe.
Sendo a Política a administração do bem comum, carece, desde logo, de administradores civilizados, sensatos, competentes e rigorosos. Baseia-se em princípios, segue regras, faz-se com programas e desenvolve-se com políticas.
Não ouvi MS invocar um único princípio (moral, ético, político ou de qualquer outra natureza), não me lembro de ter discorrido sobre o seu programa presidencial nem as políticas económicas, financeiras, sociais ou culturais (!) que advoga para o futuro de Portugal (embora saibamos que não cabe ao PR desenvolver políticas, alguma opinião houvera de ter um candidato que se diz sempre presente em todos os momentos difíceis... E nos fáceis também, esse é o problema!).
Pior, MS nem regras segue. Desde logo, as do debate televisivo que TODAS as candidaturas, incluindo a sua, acordaram e que nenhum dos moderadores teve o profissionalismo e isenção de lho recordar. Mais grave, muito mais grave, não cumpriu quaisquer regras de convivência social, urbanidade, respeito pelo próximo e pelas figuras do Estado. A ética republicana esvaiu-se e veio a nu o azedume, a arrogância, a soberba, a grosseria, o preconceito social e cultural, o sarcasmo, a boçalidade...
Ainda que, simbolicamente, se pudesse assemelhar o debate n.º 10 a um combate, convém não esquecer que o próprio boxe tem regras, tempos e pontuações. MS lutou muito, mas sozinho, contra o seu próprio passado e a sua "dupla personalidade (política)". Sem estratégia nem objectivos nem gestão do esforço nem respeito pelo adversário ("fair-play"). Nunca esteve quieto, deu murros e socos, mas sem direcção nem inteligência. Mera força bruta, enraivecida, cega. Atingiu um adversário fictício: o plebeu ignorante e brega que ousou querer conviver com Estadistas e Elites. Dado o descontrolo, o adversário poupou-lhe uma sova. De democraticidade. Por temor reverencial ou compaixão, resta saber...

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