Tem razão Vasco Lobo Xavier. Não têm razão os leitores, nem Filipe Nunes Vicente nem as deputadas em causa [Ana Gomes e Elisa Ferreira].
Rangel candidatou-se APENAS a um cargo, que está a desempenhar regularmente e que até poderia - a lei ou a ética não o impediriam - continuar a desempenhar, mesmo eleito presidente do PSD. Nas circunstâncias em que se candidatou, fez bem - era o mínimo - ao assegurar que pretendia cumprir o mandato, agora afectado por esta alteração de circunstâncias (em Junho de 2009, Rangel NÃO poderia saber que, em Março de 2010, iria haver eleições para a presidência do seu partido; aliás, deveria estar crente de que MFL seria presidente social-democrata e primeira-ministra durante alguns anos).
(Núncio, comentário a "Insónias", Mar Salgado, 13-2-2010) *
Não sei assobiar[*]. Defeito meu, e não é o único. Outro é não gostar de comparar actuações diferentes, com pressupostos diversos, por agentes distintos.
As senhoras em causa candidataram-se, com dois meses de diferença, a DOIS cargos que pretendiam - só o desmentiram após toda a pressão subsequente - exercer em ACUMULAÇÃO. Dois cargos públicos, REMUNERADOS, preenchidos por sufrágio directo UNIVERSAL. Tal desconforto foi tão evidente que o secretário-geral do partido delas decretou que seria excepcional a sua situação.
O cavalheiro em causa candidatou-se APENAS a um desses cargos e tem-no vindo a exercer. Agora, sete meses depois, e porque o partido a que pertence vai submeter-se a eleições INTERNAS, decidiu candidatar-se a seu presidente (cargo que não sei se é remunerado, mas não será certamente pelo orçamento do Estado).
Aliás, a censura a Rangel é, no mínimo, caricata. No limite, quase todos os presidentes ou secretários-gerais dos partidos portugueses teriam, seguindo esse critério absurdo, de abandonar as suas funções públicas e passariam a ser escolhidos os desocupados...
Não conheço nenhum dos três envolvidos, não sou militante dos respectivos partidos e até tenho alguma admiração pela (intermitente) coragem de A. Gomes e P. Rangel.
Mas não comparo situações diferentes nem tomo tudo por igual.
(Núncio, idem. *Adenda feita em resultado da acusação de que estou assobiar para o lado)