«(..) "Por que permaneceste em silêncio, Senhor?", questiona Ratzinger. E o silêncio de Bento XVI, curvado perante o "terrível cortejo de sombras" de Auchwitz, significa meditar em como é possível continuar a crer depois "daquilo". Todavia, é ainda Ratzinger quem responde. "Sim, por detrás destas lápides encontra-se fechado o destino de um número incontável de seres humanos. Eles pertencem à nossa memória e estão no nosso coração. Não têm qualquer desejo que nos enchamos de ódio. Pelo contrário, eles revelam-nos o efeito terrível do ódio. Pretendem ajudar a nossa razão a encarar o mal enquanto tal e a rejeitá-lo. O seu desejo é que se instale em nós a coragem para fazer o bem e para resistir ao mal. Querem que vivamos os sentimentos expressos nas palavras que Sófocles colocou nos lábios de Antígona face ao horror que a cercava: "estou aqui não para que nos odiemos todos mas para que nos amemos". Nunca o silêncio falou tanto.»
(João Gonçalves, "Um silêncio que nos fala", in Portugal dos Pequeninos, 29-5-2006)
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Nunca silencie, João. Estas palavras arrepiam o menos crente...
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