Terapia política. Introspecção psicossocial. Análise simbólica.
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27 setembro 2008

11 junho 2008

[605] Que raça de gaffe!

Por estar associada ao anterior regime político, a expressão utilizada pelo PR pode ser equívoca e ferir a sensibilidade de alguns portugueses. Mas ainda mais equívoco pode ser o silêncio que se lhe seguiu.
Cavaco, para o bem e para o mal, fala pouco e sempre com um critério, embora coerente, muito pessoal. Mas haja algum assessor, ou a Maria, que lhe diga que, em determinadas situações (como esta), calar pode ser bem mais embaraçoso do que pedir desculpa ou esclarecer.
Fale, homem! Explique-se.
*
P.S. Conviria, já agora, desconstruir este conceito de democracia "palaciana" mais próprio do Iluminismo e que parece tão caro aos dois ocupantes dos Palácios de Belém e S. Bento.
Em regimes democráticos, livres e "modernos" (como gosta o segundo de dizer), os assuntos não se debatem atrás dos panos nem se remete toda a discussão para dentro de portas. Ou as matérias são reservadas (e esse elenco constitucional e legal está feito) ou não são. E não sendo, os cidadãos, contribuintes e eleitores, têm o direito não só de opinar sobre elas como de conhecer o pensamento dos titulares do poder político.
A menos que a escuridão dos gabinetes sirva para disfarçar a falta de opinião...

26 março 2007

[454] A vida dos outros


A vida dos outros é a nossa.
E para todos os que desejam que, em lugar algum do mundo, ninguém mais tenha aquela vida retratada no filme tão denso quanto credível de Florian Henckel von Donnersmarck nada melhor do que, em vez de alimentarmos discussões e votações como a que acabámos de referir, levarmos os nossos filhos e educandos ao cinema. Porque a liberdade nunca está garantida. Porque ignorar é aceitar.

06 janeiro 2007

[408] Cirurgia política

Armando Vara - brindado com a CGD, em Lisboa.
D. Freitas do Amaral - recolhido num hospital ortopédico, em Lisboa.
E. Ferro Rodrigues - resguardado na OCDE, em Paris.
G. Oliveira Martins - agraciado com o TC, em Lisboa.
João Cravinho - remetido para o BERD, em Londres.
João Soares - enfiado na CM, em Sintra.
Manuel Alegre - entretido com o movimento cívico, em Portugal.
Manuel Maria Carrilho - silenciado na CM, em Lisboa.
Mário Soares - engripado em Belém, Lisboa.
Paulo Pedroso - perdido na blogosfera.

31 maio 2006

[313] Silêncio e tanta gente...

«(..) "Por que permaneceste em silêncio, Senhor?", questiona Ratzinger. E o silêncio de Bento XVI, curvado perante o "terrível cortejo de sombras" de Auchwitz, significa meditar em como é possível continuar a crer depois "daquilo". Todavia, é ainda Ratzinger quem responde. "Sim, por detrás destas lápides encontra-se fechado o destino de um número incontável de seres humanos. Eles pertencem à nossa memória e estão no nosso coração. Não têm qualquer desejo que nos enchamos de ódio. Pelo contrário, eles revelam-nos o efeito terrível do ódio. Pretendem ajudar a nossa razão a encarar o mal enquanto tal e a rejeitá-lo. O seu desejo é que se instale em nós a coragem para fazer o bem e para resistir ao mal. Querem que vivamos os sentimentos expressos nas palavras que Sófocles colocou nos lábios de Antígona face ao horror que a cercava: "estou aqui não para que nos odiemos todos mas para que nos amemos". Nunca o silêncio falou tanto.»
(João Gonçalves, "Um silêncio que nos fala", in Portugal dos Pequeninos, 29-5-2006)
*
Nunca silencie, João. Estas palavras arrepiam o menos crente...

21 maio 2006

[306] Poesia do mundo: "Adeus"

Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras
e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro!
Era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes!
E eu acreditava!
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
no tempo em que o teu corpo era um aquário,
no tempo em que os teus olhos
eram peixes verdes.
Hoje são apenas os teus olhos.
É pouco, mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor...
já não se passa absolutamente nada.
E, no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos nada que dar.
Dentro de ti
Não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.
(Eugénio de Andrade, 1923-)

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