Terapia política. Introspecção psicossocial. Análise simbólica.

19 maio 2006

[296] Melhor Estado: qualidade sem quantidade?

«Afirmando que a Administração Pública em Portugal "não pode ser vista como o monstro devorador da capacidade do país", Eduardo Cabrita (...), [n]a sessão de abertura da I Conferência Jurídica da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Leiria, subordinada ao tema "A Reforma da Administração Pública", (...) disse ser "fundamental perceber que a Estratégia de Consolidação Orçamental tem de equacionar uma questão: onde é que a Administração Pública tem que ter maior peso dentro de dez anos".
«Eduardo Cabrita frisou ainda que "o combate pela simplificação administrativa tem que ser uma prioridade política", devendo existir um "raciocínio de eliminação de actos inúteis", tendo em conta que "a promoção da burocracia retira competitividade ao país e eficácia à Administração Pública", sendo também "uma porta aberta à corrupção".
«Na sua intervenção em Leiria, Eduardo Cabrita destacou, porém, que "alguns países entre os mais competitivos se caracterizam por ter um sector público significativo e uma Administração Pública de maior dimensão" que a portuguesa, apontando os exemplos de alguns países nórdicos, como a Finlândia e a Dinamarca.»
(Público Online, 19-5-2006: sublinhados nossos)
*
Tenho sido uma das vozes, embora sem grandes pretensões a ser escutado, que tem "gritado" contra esse injusto e grosseiro estereótipo da Administração Pública portuguesa como um corpo pesado, envelhecido, desqualificado e bem pago.
Não é, desde logo, mais pesado do que os dois indicados pelo Secretário de Estado e do que a média da OCDE.
Não me parece (mas aqui é mera intuição) mais envelhecido do que a AIP, AEP, CIP, CCP, CAP e afins. Bem pelo contrário!
Não é nada desqualificado. Uma percentagem muito apreciável dos funcionários possui licenciatura ou bacharelato.
Não é de todo bem pago, se desconsiderarmos os administradores de empresas públicas e os médicos, professores universitários, diplomatas e magistrados (no topo das suas carreiras), mas estes são - em qualquer sociedade (excepto, talvez, nas de modelo soviético) - sempre profissionais socialmente reconhecidos e financeiramente premiados.
A quem interessa vender este quadro?

3 comentários:

Anónimo disse...

Aos privados.

Unknown disse...

Pois, disso não há dúvidas!
Só é irónico que a maior "externalização" de serviços públicos (eufemismo para privatização) destes 30 anos seja feita por um governo do PS.
Portugal pode tornar-se um "study case" de politologia muito interessante: já tínhamos as elites urbanas a votar no trotskista BE e os modestos reformados e pensionistas a votar no CDS/PP. Agora temos os empresários e banqueiros a votar no PS!

Unknown disse...

Sim, no populista CDS/PP e no neoliberal PS... Está tudo invertido!
Aliás, toda esta originalidade começou quando o Alentejo se rendeu em massa ao Prof. Aníbal, nos idos 80!
Pena que disto não fale João Carlos Espada...

Arquivo do blogue

Seguidores