«(...) desses 736 deputados eleitos entre quinta-feira e domingo, um total de 36 são de extrema-direita, oriundos de (e eleitos por) partidos de treze países, que têm nos seus programas a xenofobia, o racismo, o anti-islamismo, a homofobia, o anti-semitismo, etc. Foi em nome desses “valores” que foram eleitos. A democracia tem destas coisas.
(...) Os votos de protesto costumam dar nisto!»
(Eduardo Pitta, "Sinais muito preocupantes", Da Literatura, 9-6-2009)
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Tem razão Eduardo Pitta e todos os cidadãos atentos e democratas para se preocuparem e eu partilho sinceramente da sua preocupação.
Mas uma análise menos comprometida teria também chamado a atenção para o facto de, em Portugal e não só, ter ocorrido um importante voto de protesto de extrema-... esquerda!
Por vezes, tendemos a esquecer as raízes histórico-politicas e ideológicas dos dois partidos que, juntos, tiveram agora cerca de 21,3% dos votos e 22,7% dos mandatos (deputados ao PE), algo só comparável ao período de 1974/79.
Do facto de tais cartilhas terem sofrido um "lifting" (na sua imagem) e um "upgrade" (no nível social e intelectual de discussão) não resulta que as suas convicções e os seus modelos de sociedade tenham sido expurgados e que, à mínima oportunidade, não sejam recuperados. Aliás, como os modelos destes partidos da extrema-direita a que se refere Eduardo Pitta e que vão criando o caldo que queimará a Europa.
Por outro lado, em vez de nos chocarmos com tais resultados extremados no espectro político, entre dois goles de Möet et Chandon e duas idas rápidas a Paris, que tal saírmos do nosso sofá Chateau D'Ax e agir? Poderíamos começar por votar, coisa que parece ter-se tornado numa maçada, e escrutinar melhor os nossos representantes. Ou vamos continuar a aplaudir gente ética e profissionalmente desqualificada, só porque são giros e alegres?
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