Terapia política. Introspecção psicossocial. Análise simbólica.

01 junho 2009

[878] Notas de uma campanha idiota

É desconcertante, para dizer o mínimo, ver como muitos eleitores compram tudo o que lhes oferecem, a qualquer preço.
Todo o candidato do partido de que são militantes ou simpatizantes é apreciado acriticamente e de forma maniqueísta. Os "nossos" são sempre bons; os dos outros são sempre maus. Como se a qualidade pessoal ou profissional dos homens e das mulheres decorresse da mera filiação partidária, clubística, religiosa ou social...
Uma coisa é ter convicções políticas ou religiosas, ser cristão ou social-democrata ou aristocrata ou benfiquista ou o que seja e defender com lealdade e vigor essas convicções. Outra coisa é achar que todos os cristãos (ou muçulmanos), todos os social-democratas (ou marxistas ou socialistas), todos os benfiquistas são bons e sérios e inteligentes e elegíveis.
Aliás, a situação é tão caricata que, por exemplo, Freitas do Amaral já foi o diabo para uma certa Esquerda que, agora, até votaria nele para PR se ele fosse o candidato oficial do PS!
*
Tão mais infeliz [as declarações de Vital Moreira] quanto o facto de o PS já ter sentido na pele a injustiça da generalização e da confusão de pessoas com instituições, aquando do famigerado processo "Casa Pia".
Dizer que o PSD está ligado à roubalheira do BPN é o mesmo que dizer que o PS está ligado à obscenidade da casa de Elvas... Mas esta gente não aprende nada! Razão tinha Platão (se não me falha a memória): mal do regime em que os representantes são piores do que os representados.

2 comentários:

Anónimo disse...

Meu caro Nuncio com a idade que já vai tendo seria de esperar que percebesse que neste tipo de regime de farsa-espectáculo tudo serve para as metades da Toranja Centrão que nos (des)governa desde há décadas. O senhor só não o vê porque insiste numa análise formalista e juridico-institucional da vida política (sic) portuguesa que não o deixa ver para lá dessa 'camada'. Enfim, deverão ser vícios de academismo tão frequentes na nossa terra. A facticidade dos interesses acobertada pelas leis nunca foi prudente na análise de quem deveria ter mais ambições.
Proponho-lhe em remedio para tal vicio a leitura do seguinte blog sobre a seriedade de analise do maior das suas pitonisas, JPP de seu nome:

"Num debate a sério
Já deu para perceber que José Pacheco Pereira está numa daquelas fases em que culpa a realidade por não lhe dar razão. Agora anda numa série de posts e artigos cuja amargura de fundo é notar que “se este fosse um país a sério” as pessoas teriam as opiniões que José Pacheco Pereira achasse que elas deveriam ter. A maioria das pessoas concordaria com ele, está bem de ver, ou esperaria até que ele se pronunciasse para saber o que pensavam. Mas — e este é que é o pormenor de peso — uma minoria teria opiniões tão absurdas e descabeladas que por exclusão de partes qualquer pessoa de bom senso teria de se conformar com a opinião de José Pacheco Pereira. Reparem:
«Se Portugal fosse um país a sério, nós olharíamos para o Bloco de Esquerda como ele realmente é, a face do comunismo na sua roupagem actual, que nos cartazes por todo o lado, na sua súbita riqueza propagandística, propõe soluções só possíveis em sociedades totalitárias e não democráticas. Como é possível não perceber que se a energia “é de todos”, por que razão não o é a água, a terra, as minas, as casas e por aí adiante?»


O raciocínio de Pacheco Pereira é curioso: se alguém acha que a energia é de todos, como pode não achar que a minha casa não é de todos também? Se alguém acha que a energia é de todos, como pode acabar a não expropriar as casas aos velhinhos? Se X, logo Y, ou não?

(...)
resto do post em :
http://ruitavares.net/author/rui-tavares/

Saudações
REPROBO

Unknown disse...

Rui Tavares é um moço bem mais interessante e consistente do que o historiador Rosas ou a loura Joana. Foi eleito por um triz e desejo-lhe felicidades em Bruxelas, onde - de qualquer forma - acho que vai desperdiçar os talentos, como aliás Paulo Rangel.
Aquelas paragens estão indicadas é para gente como a 'stora' Edite ou o maduro JSD Coelho.

Arquivo do blogue

Seguidores