Terapia política. Introspecção psicossocial. Análise simbólica.

04 março 2006

[179] A Amizade, essa chama eterna...

"Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Nem percebem
o amor que lhes devoto e a necessidade que tenho deles.
Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido
todos meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos
e o quanto minha vida depende de suas existências.
Alguns deles não procuro. Basta-me saber que existem. Essa condição
me encoraja a seguir em frente pela vida. Mas como não os procuro
com assiduidade, não lhes posso dizer o quanto gosto deles.
E eles não iriam acreditar.
Muitos deles estão lendo esta crónica e não sabem
que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos.
Mas é delicioso que saiba e sinta que os adoro, embora não o declare
e não os procure. E, às vezes, quando os procuro,
noto que não têm noção de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí
e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.
Por isso é que, sem que eles saibam, rezo pela vida deles. E me envergonho porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem-estar.
É, talvez, fruto do meu egoísmo.
Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles. Quando viajo
e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima
por não estarem junto de mim, compartilhando aquele prazer...
Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida
não me permite ter sempre ao meu lado,
morando comigo, andando comigo, falando comigo, todos os meus amigos.
A gente não faz amigos, reconhece-os!»
("Amigos", Vinícius de Moraes)
*
Texto lindíssimo! Traduz, com fidelidade, o que sinto pelos meus amigos...
Eles são o meu mundo e a sua ausência ou apatia entristece-me profundamente e desestrutura-me. Eles são o meu sol, o meu sal e o meu sul...

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