Terapia política. Introspecção psicossocial. Análise simbólica.
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04 abril 2012

[1385] Confessionário (6): o país no divã

Está absolutamente decadente um país que prefere a forma ao conteúdo, que institucionaliza a neutralidade aparente e hipócrita, que hipervaloriza as minorias e ridiculariza as maiorias, que decreta padrões telegénicos e imagéticos e que despreza a justiça material e axiológica.
(Núncio, comentário a "João Gobern dispensado pela RTP depois de ter festejado golo do Benfica", Público, 4-4-2012)

29 dezembro 2010

[1313] Das campanhas e de detergentes

«A propósito do BPN, Cavaco diz-se vítima de uma campanha suja. Quem se lembra do caso das falsas escutas sabe que, nestas matérias, o Presidente sabe do que fala.»
(Daniel Oliveira, "A campanha suja", Antes Pelo Contrário, Expresso on line, 29-12-2010)
*
Estamos em pré-campanha presidencial e, dentro de dias, estaremos em plena campanha.
Daniel Oliveira, no exercício de direitos cívicos e democráticos inatacáveis, apoia expressamente um dos candidatos.
Usar diariamente uma coluna de opinião generalista para, reiterada e descaradamente, fazer campanha contra um dos opositores do seu candidato não me parece nada deontológico, para dizer o mínimo. Pelo contrário, recomendariam as boas práticas jornalísticas e cívicas que, neste período, não usasse o seu palco para assuntos eleitorais, dado que não conseguirá ser isento (é da natureza humana).
E se todos os titulares de colunas de opinião, a começar aqui no Expresso, se lembrassem de a usar diariamente para denegrir os candidatos que não recolhem o seu apoio?
A campanha deve ser feita nos lugares próprios, pelos próprios ou seus apoiantes. Em blogues dos candidatos, em sessões de esclarecimento, nos tempos de antena, etc. Tornar todos os "media" num grande forum de campanha eleitoral parece-me democraticamente desproporcionado, deontologicamente duvidoso e civicamente tortuoso.
(Núncio, comentário ali)

02 dezembro 2010

[1284] Notas avulsas sobre o papel do PR e sobre deontologia jornalística

1. O PR, em Portugal, tem os poderes que a Constituição lhe confere. Se a maioria do povo, através dos seus representantes, quiser reforçar os poderes presidenciais ou até alterar o sistema de governo (para Presidencialista) pode fazê-lo e tem agora uma boa oportunidade, estando aberto o processo de revisão constitucional.
2. Não sei se o actual PR "dá palpites" ou se tem "ideias brilhantes". Sei (...) que o órgão executivo é o Governo, que depende da AR, e que se os eleitores portugueses (...) tivessem querido mudar de Governo, deveriam ter demonstrado essa intenção nas urnas, há apenas um ano!
3. Estou muito cansado de ouvir e ler que "o PR deve fazer isto e aquilo" por parte de pessoas que, como eleitores e contribuintes, não fazem sequer o que lhes compete!
4. O PR, este ou outro, não precisa de conspirar para derrubar um governo. Demite-o, simplesmente. A Constituição Portuguesa prevê, claro, a demissão do governo. (...) [Basta lembrarmo-nos] dos casos em que houve mudança de governo sem ter havido dissolução da AR.
«Artigo 133º (Competência quanto a outros órgãos)
Compete ao Presidente da República, relativamente a outros órgãos:
(...)
g) Demitir o Governo, nos termos do n.º 2 do artigo 195.º, e exonerar o Primeiro-Ministro, nos termos do n.º 4 do artigo 186.º; (...)».
5. Quanto à [requentada] matéria das escutas, a mim interessa-me a questão ética e deontológica, porque - quanto à questão política ou tecnológica - não posso, honestamente, pronunciar-me, pois não tenho informação privilegiada nem sou perito informático. E como me interessa a questão ética, sei que o que foi publicado sobre o assunto pelo DN é "abaixo dos mínimos" aceitáveis, para ser educado. Releia[-se], apenas para começo, o que sobre isso foi escrito pela ERC e pelo Sindicato dos Jornalistas.
6. Sou muito sensível a esse assunto (liberdades, sobretudo de opinião). Daí o interesse ético e deontológico no papel do DN e do Público, mais do que nas próprias escutas, pois aí seremos [muitos] a especular sem dados seguros: eu não posso afirmar (duvido que alguém possa, para além de um círculo muito restrito de pessoas) se houve ou não escutas ao Presidente. Posso apenas afirmar que o tratamento jornalístico dado ao assunto foi indigno e já avaliado pela ERC e pelo SJ.
7. Num jornal de referência, não se violam princípios e regras éticas e deontológicas a troco de nada, muito menos durante uma campanha eleitoral, período democraticamente sensível. Abandone[m-se os] pré-conceitos e veja[-se], objectivamente, quem beneficiou com a divulgação desses e-mails obtidos ilicitamente (sim, porque as comunicações electrónicas também são protegidas pelas regras da privacidade).
8. Não está prevista, não sei se por lapso ou por convicção do legislador, a demissão de Conselheiros de Estado, mas sim a renúncia, que é um acto pessoal. Daí que o PR tenha tido necessidade de aguardar a iniciativa de [Dias] Loureiro. Mas há um indício da posição (bastante crítica) do PR: durante o período em que aguardou essa renúncia, não convocou nenhum[a reunião do] Conselho de Estado. Não podemos imputar a um agente a responsabilidade pelo comportamento de terceiros.
9. A mim, como não sou juiz nem procurador, interessam-me mais os erros políticos, que (...) têm sido muitos. Para um juízo democrático, basta isso.
(Núncio, idem)

10 outubro 2009

[1035] As palavras dos outros (60): contra a corrente

«Em alguns jornais perdeu-se o pudor.
(...) em períodos de campanha, os jornais evitavam dar à estampa pretensos escândalos de contornos duvidosos, recusando o papel de correias de transmissão de interesses partidários. Mas esse pudor desapareceu. (...)
Este lamentável episódio [das escutas] não colocou mal o Presidente da República – que, atacado em toda a parte com uma ferocidade e uma violência nunca vistas, soube manter a compostura e agir com dignidade. (...)
Cavaco – repito – mostrou-se sereno. A nossa intelligentsia, pelo contrário, deu uma triste imagem de si própria. Deixou-se manipular, instrumentalizar, mostrou falta de memória e de ponderação, inexplicável nervosismo, irresponsabilidade extrema. (...)
Não está na cara que, mesmo aqueles que não gostam de Cavaco, não têm a mínima vantagem numa fragilização do Presidente, que é o único garante de um certo pluralismo?
O certo é que, nestes tempos difíceis em que o sectarismo campeia, ninguém mais, além do Presidente da República, está em condições de só ter em vista o interesse comum
(José António Saraiva, "Está tudo doido em Portugal?", Política a Sério, Sol, 9-10-2009)

05 setembro 2009

[959] Censura-me que eu gosto...

A censura nunca serve a ninguém. Hoje no Governo, amanhã na Oposição e vice-versa.
Acho surpreendente é que os que se indignaram com a censura a Marcelo Rebelo de Sousa agora desvalorizem a censura a Manuela Moura Guedes e vice-versa!
Não há boa nem má imprensa. Não há boa nem má censura. Há actuação jornalistica lícita ou ilícita, legítima ou ilegítima, legal ou ilegal, deontológica ou não. Apenas.
(Núncio / Portugal Real, comentário a "Vídeo: A promoção ao "Jornal Nacional" censurada", Expresso on line, 4-9-2009)

07 abril 2009

[840] A ecografia do poder (2)

A declaração de interesses de f. seria uma exigência ética e deontológica.
Já alguém leu artigos de Maria Cavaco Silva sobre os roteiros da Presidência do seu marido? Ou de João Cravinho sobre a política externa do seu filho? Ou de Dias Ferreira sobre as verdades da sua irmã?
(Núncio, comentário a "A ecografia de Fernanda Câncio", A Outra Varinha Mágica, 6-4-2009)

18 dezembro 2008

[728] Tem a certeza que é jornalista?

Um mês depois, quando já se sabe que MFL usou, embora de forma inábil, uma ironia, a jornalista insiste e recorda-nos, eleitores desatentos ou manipuláveis, «que a 18 de Novembro Ferreira Leite perguntou se “não seria bom haver seis meses sem democracia” para “pôr tudo em ordem”».
Nem a estupidez nem a má-fé têm campo no jornalismo de qualidade, isento e ético.

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