Terapia política. Introspecção psicossocial. Análise simbólica.

08 dezembro 2009

[1073] Olha que o pai bate-te!

«O Parlamento anda num frenesim imparável. (...) cada deputado que se ergue tem uma vontade indomável de fazer leis, rever códigos, mudar o país e mandar no governo. Pelo caminho, abrem-se comissões de inquérito - agora para investigar o computador Magalhães (...).
Quem deve fazer as leis? O governo, claro, seja directamente ou através do Parlamento. Ora bem, o Parlamento inclui os partidos da oposição que podem e devem ter iniciativa legislativa, mas esta súbita vontade rebarbativa de propor e mudar deve ser feita sempre - sempre, mesmo - na base de acordos negociados com o partido do governo. Forçar leis e modificações com impacto social e orçamental à margem do que pretende o primeiro-ministro é não apenas batota, é um risco enorme para o país.»
(André Macedo, "Onde andas, Cavaco?", i online, 8-12-2009)
*
Editoral cheio de imprecisões, algumas inaceitáveis, como a de estranhar que os deputados tenham "uma vontade indomável de fazer leis, rever códigos". Não é para isso que eles lá estão?!
Outro disparate (que vai ser lido por milhares de eleitores, uns ignorantes, outros crédulos): "Quem deve fazer as leis? O governo, claro, seja directamente ou através do Parlamento." Jorge Miranda, o pai da nossa Constituição, deve estar à beira de uma apoplexia.
André Macedo, que já li várias vezes, é um socrático mal disfarçado. Está no seu direito. Mas não disfarce. Assuma-se. As declarações de interesse (tão comuns em jornais de referência mundial) servem para isso mesmo. Finalmente, o mesmo artigo contém, paradoxalmente, uma frase assassina que dá uma machadada fatal na credibilidade do anterior governo (o mais longo e com mais condições de governabilidade da III República): "um país a caminho da bancarrota (...)" com "diagnóstico sombrio: as contas públicas estão uma miséria e não vale a pena ter sonhos irrealistas".
Com amigos destes, quem precisa de inimigos?

1 comentário:

Reprobo disse...

Poizzzzzzzzzz ... ainda me lembro das aulas cuspinhentas na primeira fila do Anf. I da Fac. e do afã do senhor a explicar a separação de poderes e a definição do poder legislativo ...
Mas como bom católico tem de lhes perdoar.
"Eles não sabem" , né ? .-)

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