"Como [Américo] Tomás, Soares anunciou que estava cansado e que bastava de responsabilidades institucionais. Como Tomás, Soares sabe que é o último elo da continuidade, aquele que quer impedir o reconhecimento do óbvio. Como ao lado de Tomás, também ao lado de Soares estão as forças apostadas na continuidade, que querem fechar a última janela de oportunidade para a correcção de rota, desde que isso lhes prolongue por alguns dias os privilégios que apropriaram e que não justificaram. Compreende-se o desespero, mas não se pode ignorar que foi Mário Soares, no fim do seu segundo mandato, em 1995, quem entregou (de modo deliberado e sistemático, mas inglório) todos os poderes institucionais aos protagonistas do Partido Socialista e que foram eles que conduziram a sociedade, a economia e o sistema político ao ponto de ruptura actual. Entregar ao mesmo pecador a tarefa da redenção e a atribuição das penitências não é só uma imprudência, é uma inutilidade".
(Joaquim Aguiar, in Atlântico, 21-11-2005)
Por vezes, as forças conservadoras estão, por muito paradoxal que pareça, numa certa "Esquerda-champanhe e caviar", a quem não convém nada a perda de privilégios "adquiridos". Depois, há também uma certa "Direita-trauliteira" a quem convém muito, como do pão para a boca, a subsistência destes elementos anacrónicos e circenses.
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