Terapia política. Introspecção psicossocial. Análise simbólica.

24 março 2005

[6] Fracturas e colagens

De acordo com o Cardeal Patriarca, referendar o abort(ament)o vai dividir a sociedade portuguesa ao meio.
Não creio que vá; ela já está muito dividida.
Sabemos que esta é uma questão díficil, complexa, dolorosa. Mas tornou-se ainda mais delicada porque vem 50 anos atrasada. Para quem - como eu - viu o filme "Vera Drake", isto é claro.
Hoje, não se desconhecem os métodos contraceptivos. Nem eles são inacessíveis.
Hoje, a mulher não está, felizmente, só nem desamparada e o homem não é, felizmente, "o macho".
Hoje, não há taxas de natalidade elevadas. Pelo contrário, carecemos de estímulos à procriação, porque isso traduz rejuvenescimento, alegria, choque cultural, compaixão, amor pelo outro, legado.
Vamos ser paradoxalmente conservadores, descriminalizando algo tão repugnante, ou vamos ser humanistas e, por isso, definir uma política da família, da sexualidade e da criança?
Vamos criar ainda mais fracturas sociais e culturais ou vamos ajudar a colar os pedaços de uma comunidade?

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