Não sufraguei, como eleitor e cidadão, a escolha de Pedro Santana Lopes para a sucessão de Durão Barroso.
Não me entusiasma a nomeação do actual Procurador-Geral da República nem do actual Ministro da Administração Interna.
Não tenho especial admiração por Luís Filipe Menezes.
Não acompanho o estilo de Valentim Loureiro, Alberto João Jardim, Narciso Miranda, Francisco Louçã nem Paulo Portas.
Mas vivo num Estado democrático de Direito (?) e respeito os titulares, enquanto tais, dos cargos públicos e, entre estes, políticos.
Merecem-me igual respeito (institucional, se quiserem) o Presidente do Governo da Região Autónoma da Madeira e o Primeiro-Ministro. E os ex-primeiros-ministros. E os futuros presidentes da República. O respeito devido aos políticos não decorre da sua côr política. Nenhum político tem que pedir autorização a Belmiro de Azevedo, a Joaquim de Oliveira ou a Pinto Balsemão para ser e dizer o que quiser.
O que aconteceu a PSL no agora famoso programa da SIC e o que está agora a acontecer com LFM nas revistas del corazón é inaceitável porque revela uma parcialidade e uma acrimónia jornalísticas absolutamente indignas. A comunicação social não tem que gostar destas personalidades. Elas não têm que ser bonitas, elegantes, sociáveis, cultas, telegénicas, influentes.
Em democracia, todos são potenciais representantes do povo e é isso que é fascinante neste sistema político. O exercício do poder democrático não tem (não deveria ter) a ver com glamour ou fortuna ou retórica.
Interromper um ex-primeiro-ministro ou diminuir o novo líder da Oposição é um risco terrível! É, além do mais, entrar no jogo dos detractores do sistema, fazendo-o resvalar para os populismos musculados que estão a ser (ironicamente) sufragados democraticamente por esse mundo fora, com a cumplicidade (quando não com o apoio explícito) da comunicação social e de quem a administra.
Não tem autoridade, por isso, a comunicação social ao reagir tão mal ao seu novo Estatuto (que não subscrevo, obviamente), porque ele é o resultado lógico e previsível da estratégia de "diabolizar" os oponentes, de que ela tem sido a voz. A voz do dono.