Terapia política. Introspecção psicossocial. Análise simbólica.

24 fevereiro 2006

[171] Como diria o outro, liberdade ou licenciosidade?

O pai de um dos jovens [três rapazes, entre os 16 e os 18 anos] de Barcelona [que, em Dezembro de 2005, regaram com gasolina e queimaram uma sem-abrigo] disse: "São miúdos modernos, de uma geração muito permissiva, que tiveram tudo. Talvez não tenhamos sido bons pais."
(in DN, 24-2-2006)
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Esse é o grande problema do pós-Guerra: o desmantelamento dos regimes autoritários e a consolidação das democracias; a apologia das liberdades em detrimento da responsabilidade individual e colectiva (o liberalismo económico, financeiro e político que gerou profunda desregulação e exclusão sociais); o crescimento económico galopante (o maior de toda a história), assente no consumo; o florescimento das ciências sociais (em especial a psicologia e a pedagogia), tudo isto (embora aparentemente sem relação) teve consequências devastadoras na educação e formação dos descendentes daquela geração.
Quem não teve nada (ou quem ficou sem nada) quis dar tudo aos filhos e netos... Mas "tudo" é o quê? Liberdade? Dinheiro? Jogos? Carros? Cigarros? Sexo? Telemóveis? Da herança parece não fazer parte tolerância, urbanidade, cultura, livros, poesia, tertúlias, passeios, solidariedade, amor...

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