Terapia política. Introspecção psicossocial. Análise simbólica.

13 fevereiro 2006

[165] Late evening: Azul


"O meu filho fez-me agora um desenho no braço com aquelas canetas de bico grosso azul céu. Fez cinco riscos. A história não viria ao caso se eu tivesse algo de interessante para dizer. Como não tenho, vou só escrever que estes riscos fazem lembrar-me as marcas que o meu amigo tem nos braços. É claro que as deles são mais fundas e mais azuis. E estão nas veias. Não saem com álcool, nem com nada. O que até não é mau. Porque me lembram que ele viveu muitos anos no Casal Ventoso. Que esteve preso. Que ficou seropositivo por causa de uma agulha infectada e que fugiu à morte à custa de si mesmo. As linhas no meu braço lembram-me que o meu amigo tem uma empresa que factura milhares de contos por ano. As linhas lembram-me que o meu amigo é um pai extremoso. As linhas lembram-me que o meu amigo é um grande amigo. As linhas lembram-me que o nome do meu amigo devia sempre ser escrito com uma daquelas canetas de bico grosso azul céu."
(Francisco Trigo de Abreu, Mau Tempo no Canil, 13-2-2006)
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Azul mar, azul céu, azul vida! Belíssimo post. Comovente. Parabéns, FTA!

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