Terapia política. Introspecção psicossocial. Análise simbólica.

03 fevereiro 2006

[153] Um líder para Portugal. Ou dois?

« (...) o papel da dupla liderança na eficácia das organizações. O conceito tem sido referido sobretudo a propósito da necessidade de as organizações serem conduzidas por duas personalidades: uma exercendo o papel de líder e outra o de gestor. A tese não é consensual, mas os argumentos são plausíveis. Para a sua compreensão, (...) pontos a destacar:

- A liderança e a gestão são processos distintos. A liderança é mais visionária, orientada para a mudança, emocional, criativa, inspiradora, inovadora, intuitiva. A gestão é mais conservadora, racional, analítica, "calculista", eficiente, imitadora, orientada para a gestão das infra-estruturas organizacionais e para a implementação da visão articulada pelo líder.

- Dois argumentos podem sustentar a tese da incompatibilidade. Um considera que a liderança e a gestão requerem características de personalidade distintas (ou se é líder ou se é gestor!). Portanto, há que dispor de um líder e de um gestor, cada um com o seu perfil. O outro argumento aduz que os dois papéis não podem ser exercidos pela mesma pessoa simultaneamente, sob pena de os colaboradores reagirem negativamente a alguém que actua de modo "duplo" e pratica o "compromisso maquiavélico".
«(...) De qualquer modo, perante o debate, duas afirmações podem ser feitas com bastante segurança. Primeira: a gestão é mais relevante nas base da hierarquia e em momentos de estabilidade. A liderança é mais pertinente para o topo da hierarquia e tempos turbulentos. Segunda: as organizações necessitam de possuir e promover ambas as competências. Com boa gestão, mas sem liderança, a organização terá presente, mas incorre no risco de não alcançar o futuro (ou de "morrer podre de rica"). Com liderança visionária, mas sem boa gestão, a organização poderá vislumbrar um excelente futuro - mas não conseguirá alcançá-lo.
«Finalmente, duas perguntas provocatórias: (1) será por estas razões que se argumenta que os eleitores não gostam de colocar todos os "ovos no mesmo cesto"?; (2) será Portugal mais bem gerido quando a Presidência e o Executivo asseguram devidamente as funções de liderança e de gestão?»
(Arménio Rego, DN, 3-2-2006)

Sem comentários:

Arquivo do blogue

Seguidores