«Caso esse pedido de intervenção [do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Fundo Europeu de Estabilização Financeira] viesse a acontecer, "demonstraria uma vez mais que não fomos capazes de resolver os nossos problemas, o que é preocupante até numa perspetiva de dignidade nacional".
O antigo Presidente da República negou também que a intervenção em Portugal do FMI representasse uma perda de soberania. "Perda de soberania, de facto, criámos quando permitimos uma dívida pública externa como a nossa, que nos coloca nas mãos dos nossos credores", considerou.
A entrada do FMI significaria que Portugal só resolve os problemas "sob pressão internacional", frisou Ramalho Eanes. "É altura dos portugueses assumirem nas suas mão o seu próprio destino", apelou ainda o antigo Presidente.
Portugal deve fazer "o que ainda não fizemos desde o 25 de abril de 1974 - refletir sobre o que somos e o que podemos, e queremos, ser", chamando a atenção para a necessidade de "uma ação responsável do Governo e da sociedade, porque na situação presente há responsabilidade de todos", sublinhou. Uma responsabilidade do Estado, que "criou um estado social sem ter modificado o sistema económico", das empresas, que não se modernizaram, e das famílias, que, segundo Ramalho Eanes, se esqueceram que Portugal é "um país pequeno, atrasado, que só se pode desenvolver se houver condições para realizar um trabalho árduo de modernização", que exige poupança das famílias.
"Os portugueses, desde abril de 1975, têm consumido como se, por ventura, fossem europeus dos países mais ricos", disse Eanes.»
A entrada do FMI significaria que Portugal só resolve os problemas "sob pressão internacional", frisou Ramalho Eanes. "É altura dos portugueses assumirem nas suas mão o seu próprio destino", apelou ainda o antigo Presidente.
Portugal deve fazer "o que ainda não fizemos desde o 25 de abril de 1974 - refletir sobre o que somos e o que podemos, e queremos, ser", chamando a atenção para a necessidade de "uma ação responsável do Governo e da sociedade, porque na situação presente há responsabilidade de todos", sublinhou. Uma responsabilidade do Estado, que "criou um estado social sem ter modificado o sistema económico", das empresas, que não se modernizaram, e das famílias, que, segundo Ramalho Eanes, se esqueceram que Portugal é "um país pequeno, atrasado, que só se pode desenvolver se houver condições para realizar um trabalho árduo de modernização", que exige poupança das famílias.
"Os portugueses, desde abril de 1975, têm consumido como se, por ventura, fossem europeus dos países mais ricos", disse Eanes.»
(Ramalho Eanes, "Não me agradaria que Portugal tivesse de recorrer ao FMI", Lusa/MSN Notícias, 19-11-2010)
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Palavras lúcidas, independentes e patrióticas, como as que Ramalho Eanes sempre profere.
Creio que sempre se subvalorizou o papel do primeiro Presidente da República democrático, em favor de Mário Soares. Como agora bem se constata, a maioria dos portugueses gosta de vida fácil e ilusória. Por isso preferem Soares a Eanes, Sócrates a Ferreira Leite e Teixeira dos Santos a Medina Carreira.
Creio que sempre se subvalorizou o papel do primeiro Presidente da República democrático, em favor de Mário Soares. Como agora bem se constata, a maioria dos portugueses gosta de vida fácil e ilusória. Por isso preferem Soares a Eanes, Sócrates a Ferreira Leite e Teixeira dos Santos a Medina Carreira.
(Núncio, idem)
2 comentários:
O problema de muitas pessoas como eu é não ter um candidato com quem se identifique e em que acredite ser a escolha de que Portugal precisa. Até quando este cinzentismo? Até quando este país sem uma cidadania necessária? Cada um de nós é responsável!
Tem razão, Fernando.
A crise portuguesa não é fundamentalmente financeira ou económica. É sobretudo moral e política.
Basta ver o despudor da situação que relatamos nos posts [1276] e [1277].
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