«(...) o argumento de que ele [Rodrigues dos Santos] não pica o ponto e trabalha pouco é ridículo. O segredo da gestão de pessoas não é tratar todas da mesma maneira – é procurar retirar de cada uma o que de melhor tem para dar. No caso de um bom pivô, o valor que representa para uma estação não são as horas que possa passar ou não passar na redacção – é o seu desempenho perante as câmaras. A exigência a todos do cumprimento dos mesmos horários (por vezes desadequados à função) leva à burocratização das redacções e à perda de criatividade e eficácia.
O segredo das grandes redacções não é a imposição de uma disciplina militar – essa é a lei dos medíocres; o segredo das grandes redacções é exigir trabalho de qualidade e bons desempenhos em todas as áreas. É esta a disciplina que hoje interessa. Num trabalho manual, a produtividade de um trabalhador está directamente relacionada com o número de horas que passa na fábrica; no jornalismo, a produtividade não tem nada que ver com o número de horas passadas na redacção. Um jornalista pode passar muito tempo na redacção e não produzir nada de jeito, e outro pode lá estar pouco tempo e ser um trunfo da estação. Para os telespectadores, o que interessa é o desempenho de Rodrigues dos Santos a apresentar o Telejornal – não são os seus horários. É essa a sua mais-valia para a televisão pública. Que estupidamente a RTP vai perder.»
O segredo das grandes redacções não é a imposição de uma disciplina militar – essa é a lei dos medíocres; o segredo das grandes redacções é exigir trabalho de qualidade e bons desempenhos em todas as áreas. É esta a disciplina que hoje interessa. Num trabalho manual, a produtividade de um trabalhador está directamente relacionada com o número de horas que passa na fábrica; no jornalismo, a produtividade não tem nada que ver com o número de horas passadas na redacção. Um jornalista pode passar muito tempo na redacção e não produzir nada de jeito, e outro pode lá estar pouco tempo e ser um trunfo da estação. Para os telespectadores, o que interessa é o desempenho de Rodrigues dos Santos a apresentar o Telejornal – não são os seus horários. É essa a sua mais-valia para a televisão pública. Que estupidamente a RTP vai perder.»
(José António Saraiva, Política a Sério, "O valor de um pivô", 24-11-2007, Sol online)
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Sou funcionário público vai para 14 anos. Já exerci funções técnicas e dirigentes. Toda a minha vida tem sido dedicada, modesta, mas empenhadamente, ao serviço público, afirmando a força das políticas públicas, rejeitando a excessiva procedimentalização, estimulando a autonomia, flexibilizando horários e relativizando "formatos".
Acho absolutamente estúpida a obsessão pelo "correcto" (política, social ou administrativamente), a redução de toda a actividade a regulamentos e manuais de procedimentos, o controlo do acessório (indumentária) e do quantitativo (tempo) em vez da apreciação do principal (honestidade) e do qualitativo (competência). Prejudica a diferença; afecta a complementaridade; institui a normalização de produtos, atitudes, pessoas; nivela à mediocridade, alimenta o tráfico de influências.
Quando vamos deixar de ser estúpidos?
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