Terapia política. Introspecção psicossocial. Análise simbólica.

01 dezembro 2007

[518] Um povo triste, uma governação sem alma

«(...) A solução final vem aí. Com a lei, as políticas, as polícias, os fiscais, os inspectores, a imprensa e a televisão. Niguém, deste velho mundo, sobrará. Quem não quer funcionar como uma empresa, quem não usa os computadores tão generosamente distribuídos pelo país, quem não aceita as receitas harmonizadas, quem recusa fornecer-se de produtos e matérias-primas industriais, quem não quer ser igual a toda a gente está condenado.
Estes exércitos da liquidação são poderosíssimos: têm estado-maior em Bruxelas (...) e agem através do pessoal da ASAE, a organização mais falada e odiada do país, mas certamente a mais amada pelas multinacionais da gordura, pelo cartel da ração e pelos impérios do açúcar. (...)
Tudo isto, como é evidente, para nosso bem. Para proteger a nossa saúde. Para modernizar a nossa economia. Para apostar no futuro. (...) E não tenhamos dúvidas: um dia destes, as brigadas vêm, com estas regras, fiscalizar e ordenar as nossas casas. Para nosso bem, pois claro.»
(António Barreto, Retrato da Semana, "Eles estão doidos", Público, 25-11-2007, p. 45)

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