Terapia política. Introspecção psicossocial. Análise simbólica.

02 abril 2005

[20] Karol Wojtyla

"Karol Wojtyla nasceu no dia 18 de maio de 1920, na pequena cidade polonesa de Vadovice, a cerca de 50 quilômetros de Cracóvia. Era o segundo filho de Karol Wojtyła e Emilia Kaczorowska e veio ao mundo durante a guerra da Polônia com a União Soviética.
Emilia tinha a saúde debilitada e morreu quando Karol tinha apenas 9 anos. A partir de então ele foi criado apenas pelo pai militar e pelo irmão mais velho, Edmund. Este último se formou em medicina, mas também morreu prematuramente, em 1932, vítima de uma epidemia. Nove anos mais tarde, em 1941, Karol ficou só, aos 21 anos, com o falecimento de seu pai em um dos mais rigorosos invernos da Polônia.
Nesta época, Karol Wojtyla, que adorava poemas, escreveu um lembrando a dor e Deus:
Sei que sou pequeno/ Mas há outros ainda menores que eu/ Ele me escolheu, Ele me lança nas cinzas/ Ele pode fazer isso - mas por quê?/ Por que fazer isso comigo?/ Ele é o provedor.
Nazismo: em 1938, quando terminou os estudos na escola secundária de Marcin Wadowita de Vadovice, Karol se matriculou na Universidade Jagellónica de Cracóvia e em uma escola de teatro. Tudo corria relativamente bem até que as tropas nazistas invadiram a Polônia, em 1º de setembro de 1939. Com a ocupação alemã, a Universidade foi fechada e o jovem teve que trabalhar em uma pedreira e depois em uma fábrica química, para ganhar a vida e evitar a deportação para a Alemanha.
A presença Alemã na Polônia durou até 1945, mas neste meio tempo a vida de Karol Wojtyla havia mudado consideravelmente. Ele ouvira o chamado de Deus e, aos 22 anos, entrou para o seminário clandestino. Depois da II Guerra Mundial, continuou seus estudos e mais tarde entrou na Faculdade de Teologia da Universidade Jagellónica, até sua ordenação sacerdotal em Cracóvia, no dia 1º de novembro de 1946.
O sacerdote: em 1948, na França, o jovem de Vadovice recebeu o grau de doutor em teologia com uma tese sobre a fé nas obras de São João da Cruz. Encerrado este período de estudos formais o padre Karol voltou à Polônia, onde foi vigário em diversas paróquias de Cracóvia e capelão dos universitários.
Em 1951, voltou aos estudos filosóficos e teológicos e em 1953 apresentou na Universidade Católica de Lublin a tese intitulada Valoração da possibilidade de fundar uma ética católica sobre a base do sistema ético de Max Scheler. Com mais um título passou a ser professor de Teologia Moral e Ética Social no seminário maior da capital polonesa e na faculdade de Teologia de Lublin.
Em 4 de julho de 1958, foi nomeado por Pío XII Bispo Auxiliar de Cracóvia. Recebeu a ordenação episcopal em 28 de setembro de 1958 na catedral del Wawel, em Cracóvia, e em 13 de janeiro de 1964 foi nomeado Arcebispo da capital polonesa por Paulo VI, que o fez cardeal em 26 de junho de 1967.
O Papa: após a morte do papa Paulo VI, o cardeal Wojtyla participou do Conclave que escolheu o novo bispo de Roma. João Paulo I foi o indicado para substitui-lo, mas apenas 34 dias depois, no dia 28 de setembro de 1978, o novo Papa estava morto. Mesmo com a surpresa, uma nova escolha deveria ser feita e os cardeais se reuniram novamente para escolher o homem que comandaria os católicos do mundo inteiro.
Três dias depois do início do Conclave, a fumaça branca saía da chaminé ao lado da Capela Sistina, anunciando que o novo pontífice estava escolhido. Contrariando todas as previsões, que esperavam mais um papa italiano, o cardeal polonês Karol Wojtyla, de 58 anos, foi anunciado como escolhido. O Papa escolheu o nome João Paulo II para homenagear seu antecessor.
Em seu primeiro pronunciamento, para a multidão que lotava a Praça de São Pedro, ganhou a simpatia de todos. "Se eu errar meu italiano, corrijam-me, por favor", pediu. O Santo Padre continuou surpreendendo, quando no dia 25 de janeiro de 1979, desceu as escadas do jumbo da Alitália, curvou-se, beijou o solo da República Dominicana, e disse: "Viajarei por onde me chamarem as exigências da fé e dos valores humanos".
A promessa foi cumprida: até o dia em que completou 25 anos no cargo João Paulo II fez 102 viagens internacionais, 142 visitas pastorais na Itália e as visitas a 301 paróquias da Diocese de Roma. Na hora, as pessoas acharam que tratava-se de uma frase de efeito, mas não. Nenhum outro papa beijou tantos solos como João Paulo II.
O beijo no solo é um gesto que o Sumo Pontífice usa para abençoar o local. O mesmo papa só deve beijar uma vez um país, reza o rito da Igreja Católica. Quebrando a tradição, João Paulo beijou duas vezes o solo brasileiro. A primeira ocorreu em Brasília, em 1980. E a segunda em Natal, em 1991, uma bênção fora do programa. No primeiro beijo, em 1980, caiu o solidéu.
Somente 12 papas na História da humanidade, de um total de 264, reinaram mais tempo do que João Paulo II. O recorde absoluto é de São Pedro, o primeiro papa, que teve um pontificado de entre 34 e 37 anos - não há dados exatos para confirmar a data precisa. O polonês Karol Wojtyla é o primeiro não-italiano a ocupar o cargo desde o holandês Adrien VI, que morreu em 1523."

2 comentários:

Anónimo disse...

Pefiro o texto do Miguel Portas no DN!

Anónimo disse...

Sobre a personalidade e acção do papa polaco e respectiva entourage vaticana, aconselho a leitura do celebre romance 'la Soutane Rouge' do diplomata e escritor Roger Peyrefitte ... Aqui deixo o url para os interessados: http://www.livre-rare-book.com/
Terão muito a aprender neste momento que antecede a eleição do novo bispo de Roma e chefe espiritual/temporal do catolicismo mundial ... :)

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