Terapia política. Introspecção psicossocial. Análise simbólica.

10 abril 2005

[29] Uma elite para Portugal

A propósito do XXVII Congresso Nacional do PPD/PSD, retenho a imagem de um partido que não tem tempo nem vontade para fazer o "luto" da perda do poder executivo. Menos ainda para analisar os actos, os pensamentos e as omissões que provocaram a hecatombe eleitoral.
Ora, quer o PS, quer o PSD (falo destes por terem vocação agregadora, maioritária) em raros momentos exerceram melhor a oposição do que a governação. E julgo que isso se deve ao facto das suas elites não terem percebido que:
- por um lado, estar na oposição não exige que se seja (sempre) da oposição. Estar na oposição é apenas não deter o exercício do poder executivo. Os parlamentos e o seu poder legislativo não ficam diminuídos, pelo contrário, saem reforçados quando há mais riqueza ideológica e debate político. Numa democracia exigente, todos os órgãos de soberania e todas as instituições tem o seu papel e todos devem orientar-se pelo interesse nacional. Fazer política não se esgota, como bem sabemos, no governo;
- por outro lado, não há Poder; há poderes, cada vez mais difusos e globalizados. O poder exerce-se, hoje, quer no governo central, quer nos governos descentralizados; tanto nos órgãos políticos como nos económicos e financeiros; quer por políticos de carreira como por cidadãos informados e actuantes.
Quais as consequências disto? Os partidos têm que tornar-se mais ambiciosos, mais exigentes e mais especializados. Têm que ter os melhores quadros nos vários lugares onde se definirem políticas e isso nem sequer ocorre, em grande medida, na capital lisboeta, mas em Bruxelas, em Nova Iorque, em Genebra, em Francoforte. E, dentro de Portugal, no Porto, em Aveiro, na Madeira, na várzea ribatejana.
Este é o grande equívoco dos socialistas e sociais-democratas, que têm andado a jogar o campeonato errado. Há muito que a Liga portuguesa deixou de interessar; o jogo mudou de regras, de protagonistas e de palco...

1 comentário:

Anónimo disse...

Isso tudo seria assim se de facto a comunicação social não fosse facciosa e não tomasse partido somente de um lado.
A oposição que tem peso nos media é a oposição populista e quem souber fazer isso, ganha o seu espaço nas tvs.
Quem fizer parte de uma oposição responsável, com coerência, não tem visbilidade.
E assim vai os media em Portugal...

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