Terapia política. Introspecção psicossocial. Análise simbólica.

26 julho 2005

[45] Marchas populares fora de época

A corrida presidencial ameaça tornar-se numa marcha popular de baixa estação: os manjericos murcharam e os pregões são histéricos.
Sejamos honestos. A hipotética candidatura de Mário Soares não pode ser séria. Não dignifica nem o próprio, nem o PS, nem o regime.
Soares foi Presidente da República durante 10 anos. Anunciou, no final, que terminara a sua carreira política, o que faz sentido. Foi tentado, depois, pelo convite inédito para ser eurodeputado. Arrastou-se durante cinco anos pelo hemiciclo, após a embaraçosa falsa partida. Voltou a anunciar que fechara o seu ciclo político.
Não é, por isso, o facto de ir completar 81 anos em Dezembro que o diminui ou incapacita. Tão-somente a exigência de coerência e de recato! Se até em democracias mais emergentes o regresso de ex-presidentes é visto com censura, imagine-se a situação num Estado da União Europeia...
Por outro lado, o que fará regressar um excelente cidadão com tão provecta idade à contenda eleitoral? Não consegue o PS renovar-se? Não há outro militante ou simpatizante capaz de congregar mais de metade dos portugueses? Os socialistas são só soarismo e maçonaria?
Last, but not least, a democracia ... Reciclar políticos não é forma de renovar o regime e fortalecê-lo, dando-lhe confiança. Acho até lamentável, desse ponto de vista, a pré-candidatura de Soares.
Há socialistas de enorme categoria pessoal e política. Venham eles!

Arquivo do blogue

Seguidores